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Artigos e dicas de leituras

Debate entre Piaget e Vigotsky e as teorias da aprendizagem

Semelhanças entre as teorias de Piaget e Vygotsky:

1 - Ambos são interacionistas, isto é, estão atentos para relevância das conexões entre o individuo e meio na elaboração dos processos psíquicos;

2 - São construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual, ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio;

3 - Os dois se opõem tanto a teoria empirista quanto à concepção racionalista;

4 - Ambos enfatizam a necessidade de compreensão da gênese dos processos cognitivos;

5 - Defendem que é importante que se respeite o nível da criança na colocação mínima e máxima para cada ensinamento;

6 - Consideram o discurso egocêntrico como ponto de partida do discurso interior;

7 - Ambos empregam métodos qualitativos que buscam apreender os fenômenos psicológicos em sua dinâmica e não somente resultados isolados expressos em estatísticas;

8 - Defendem que a imaginação surge da ação, o que é importante na formação da consciência.

Diferenças entre as teorias de Piaget e Vygotsky:

1 - Quanto ao papel dos fatores internos e externos no desenvolvimento:

Vygotsky privilegia o ambiente social. Reconhece que se variando esse ambiente, o desenvolvimento também variará. Não aceitando uma visão única e universal do desenvolvimento humano.

Piaget privilegia a maturação biológica. Aceita que os fatores internos preponderam sobre os externos, postula o desenvolvimento em sequencia fixa e universal de estágio.

2 - Quanto à construção real:

Vygotsky diz que a criança já nasce num mundo social, e desde o nascimento forma visão do mundo através de interação com adultos ou crianças mais velhas. Procede-se então do social para o individual ao longo do desenvolvimento.

Piaget acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de acordo com o estágio de desenvolvimento que se encontra, aproximando-se da concepção dos adultos.

3 - Quanto ao papel da aprendizagem:

Vygotsky postula que desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente, portanto, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento.

Piaget acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele, minimizando o papel da interação social.

4 - Quanto ao papel da linguagem no desenvolvimento e relação entre linguagem e pensamento:

Para Vygotsky pensamentos e linguagem são processos interdependentes, desde o inicio da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores, dando uma forma ao pensamento, possibilitando o aparecimento da imaginação, da memória e o planejamento da ação. A linguagem sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento.

Para Piaget o pensamento aparece antes da linguagem, sendo uma das suas formas de expressão. Pensamento depende da coordenação dos esquemas sensoriomotores e não da linguagem. Esta só ocorre depois que a criança já alcançou determinado nível de habilidades mentais, subordinando-se aos processos de pensamento. Estabelece separação entre as informações que podem ser passadas por meio da linguagem e os processos que não parecem sofrer qualquer influência cognitiva.

As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá!

Resenha por Itale Cericato (Unifesp)

A obra aqui resenhada começou a ser escrita quando a jornalista americana Amanda Ripley cobriu, em 2001, os resultados do primeiro exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, sigla em inglês de Program for International Student Assessment), um teste internacional que avalia competências essenciais na solução de problemas cotidianos entre alunos de quinze anos que frequentam escolas de diferentes países. Naquela primeira edição do PISA, os resultados surpreenderam: a Finlândia, e não outros países até então considerados modelos educacionais, alcançou a primeira colocação. Motivada por esse resultado, Ripley quis saber o que a Finlândia estava fazendo de tão especial e, para tanto, empreendeu uma longa e ampla pesquisa envolvendo estudantes, pais, gestores educacionais e professores.

Naturalmente, assim como todo texto, trata-se de uma obra que não pode ser lida de modo acrítico. Ripley escreve com um claro viés: compreender por qual razão seu país não está no topo do mundo educacional e chamar a atenção das instituições de ensino americanas para isso. Apesar desse direcionamento e embora não se trate de uma pesquisa científica desenvolvida por profissionais da área da Educação, os dados não podem ser desmerecidos, porque despertam interessantes reflexões que se relacionam diretamente com a qualidade da educação escolar oferecida para crianças e adolescentes. Tais dados podem se tornar ainda mais relevantes se pensados em relação com o panorama educacional brasileiro, bastante comprometido, uma vez que nosso país ocupa as últimas posições no PISA.

Para compor a pesquisa, Ripley acompanhou de perto a experiência de três jovens que foram estudar na Finlândia, na Coreia do Sul e na Polônia. Adicionalmente, contou ainda com a participação de duas centenas de estudantes intercambistas que responderam a um questionário pela Internet. A obra se divide em três partes e, em cada uma delas, a autora relata a experiência de um desses jovens em seu respectivo país de destino.

As constatações da pesquisa indicam que o sucesso educacional depende, como não poderia deixar de ser, de uma complexa combinação de fatores. Algumas particularidades foram identificadas entre os países que apresentam elevado desempenho educacional, embora alguns aspectos tenham se mostrado comuns. Dentre esses últimos, três, em particular, despertam a atenção: a participação dos pais no processo escolar dos filhos, a qualidade da formação de professores e a importância atribuída pelo país à educação.

Sobre o primeiro aspecto, cabe assinalar que as crianças com melhores notas são aquelas cujos pais preocupam-se em dedicar-lhes tempo, seja com a leitura diária desde os primeiros anos da escolarização, seja conversando com elas sobre assuntos cotidianos e atuais. Contudo, Ripley destaca que a participação voluntária em eventos e atividades na escola não apresenta nenhuma implicação significativa no aprendizado porque o importante é o que se faz em casa (p.171).

O valor atribuído ao sucesso escolar é outra questão de fundamental importância que se revela, de um lado, pelo prestígio conferido à carreira do professor e, de outro, pelas altas expectativas que se nutrem em relação às crianças. Esse valor incide no segundo aspecto mencionado: a qualidade da formação docente. Nos países com elevado desempenho no PISA, são selecionados para cursarem as faculdades de formação de professor apenas aqueles candidatos que foram considerados bons alunos no ensino médio. Além disso, as instituições de formação são extremamente prestigiosas porque se acredita que os estudantes merecem ser ensinados pelos melhores e mais bem preparados professores do mundo. Na Finlândia, por exemplo, as instituições que não selecionam os melhores candidatos perdem o credenciamento e as verbas governamentais de custeio, como informa Ripley (p.135): "O rigor começa já no início, na hora de ingressar na carreira - que é o momento certo -, e não após anos exercendo a profissão, com complexos sistemas de avaliação criados com o intuito de extirpar os piores profissionais e destinados a desmoralizar todos os demais".

A formação dos professores finlandeses alia a teoria à prática. Durante o processo de formação, os professores estagiam nas melhores escolas públicas do país e são supervisionados por orientadores. Uma vez exercendo a atividade profissional, eles possuem tempo, todos os dias, para observar as aulas dos colegas, para dividir planos de aula e soluções de problemas em uma dinâmica que busca ser facilitada pela maior parte dos diretores de escola: "Não existe melhor maneira de preparar um aspirante a professor para o ensino do que colocá-lo para dar aulas - e depois fornecer a ele uma avaliação criteriosa com comentários e opiniões sobre como melhorar" (p.149).

O prestígio dos professores também se mostra em termos salariais, embora exista controvérsia quanto à relação entre salários altos e qualidade de ensino. É evidente, no entanto, destaca Ripley, que remunerações mais elevadas contribuem para atrair para a docência professores com formação mais sólida, além de mantê-los no emprego por mais tempo. Assim, o salário dos professores nos países com êxito educacional é similar aos salários pagos a outros profissionais com formação equivalente.

A importância social atribuída pelos países à educação - terceiro aspecto mencionado por Ripley - mostrou-se uma questão cultural. Por exemplo, ao passo que as crianças americanas dedicam boa parte de seu tempo a atividades esportivas, as sul-coreanas estudam doze horas por dia, todos os dias úteis da semana.

"Nos Estados Unidos, os esportes ocupavam um papel central na vida dos estudantes e na cultura escolar, o que não se via na maioria das superpotências educacionais [...]. Em muitas escolas dos Estados Unidos, os esportes incutiam liderança e persistência em um grupo de alunos, ao mesmo tempo que privavam todos eles da concentração e dos recursos necessários aos estudos. A lição a se tirar não era que esportes e educação não poderiam coexistir, mas sim que esportes nada tinham a ver com educação". (p.185)

Embora o exemplo sul-coreano seja apresentado pela autora como um modelo que produz sucesso educacional, considera-se necessário avaliá-lo com cuidado. Primeiramente porque o sucesso dos estudantes decorre, basicamente, de sacrifícios desumanos concretizados em numerosas horas de estudo. São estudantes que passam o dia inteiro na escola e ainda enfrentam uma jornada noturna em escolas preparatórias semelhantes ao que no Brasil chama-se "cursinho pré-vestibular". Frequentar essas escolas preparatórias, no entanto, depende do poder aquisitivo de uma família que possa pagar por elas. Tanto esforço se justifica porque ingressar em uma boa universidade na Coreia do Sul significa garantia de bom emprego e salário. Dessa forma, a preparação dos estudantes para o ensino superior é um compromisso não só individual, mas familiar. Vale observar, todavia, que todo esse esforço privado - isto é, do indivíduo e da família -, o qual pode parecer o indício de um sucesso, decorre, na verdade, de um fracasso tanto das políticas públicas educacionais quanto das próprias escolas públicas. O foco e o rigor com que se considera a educação são pontos diferenciais, sem dúvida, mas os exageros cometidos em nome disso devem ser observados com atenção.

Ainda em termos culturais, de modo geral, Ripley evidencia nos países pesquisados a motivação, a persistência e a autodisciplina dos estudantes como características importantes para o alcance dos resultados desejados: "Por diferentes razões culturais e históricas, a maior parte dos países mais inteligentes do mundo parece entender a importância da resiliência acadêmica" (p. 311). Isso significa dizer que as crianças podem cometer erros para que depois retomem o trabalho porque, assim, acredita-se, elas desenvolvem autonomia, persistência, integridade e sabem trabalhar com afinco, arcando com as consequências de seus atos.

Nos países estudados por Ripley, tratar a educação com rigor implica uma postura de não deixar nenhum estudante para trás, ou seja, alunos mais pobres possuem mais professores que se debruçam sobre eles ao menor sinal de dificuldades com a aprendizagem, demonstrando que acreditam no potencial de melhora do desempenho de todos. Possuir uma dificuldade de aprendizado é considerado, nesses países, algo passageiro e não pejorativo porque altas expectativas são nutridas em relação a todos. Ripley afirma que as pessoas levam a educação a sério, porque a escola é séria e é séria porque todo mundo concorda que é assim que deve ser (p.290).

Por fim, trata-se de uma obra cuja leitura vale para todos os que se interessam pela qualidade da educação que se produz no Brasil. A pesquisa de Ripley tem o mérito de sistematizar o que fazem as superpotências educacionais, muito embora não se possa dizer que esses achados sejam desconhecidos da escola brasileira porque as temáticas levantadas pela autora americana circulam em nossos meios, seja no âmbito da pesquisa científica, seja no âmbito das políticas educacionais. O problema é que não nos basta somente conhecer o que fizeram outros países na busca por uma educação de excelência. Falta ao Brasil, antes da adoção de qualquer medida, eleger a educação como prioridade nacional, a exemplo do que fizeram os países estudados por Ripley, uma vez que medidas educacionais tendem a ser mais bem sucedidas quando implementadas em conjunto e no contexto de uma combinação de ações.

(Resenha do livro: Ripley, Amanda; As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá. São Paulo: Três Estrelas; 2014.)

A evolução da Infância


O conceito de infância é fruto de uma construção social, porém percebe se que sempre houve criança, mas nem sempre infância.
A infância precisa ser entendida como categoria social de efetiva importância para a sociedade com sua devida valorização e respeito.
Do decorrer dos séculos surgiram diferentes concepções de infância, primeiramente a criança era vista como um adulto em miniatura, seu cuidado e educação eram feitos pela família, em especial pela mãe.
Ainda existiam instituições alternativas que acolhiam as crianças em situações desfavoráveis ou quando rejeitadas.
Por volta do século XVI o sentimento de infância era inexistente, até então a infância era baseada no abandono, pobreza, favor entrar caridade. Dessa forma era oferecido um atendimento precário as crianças. Não existia nessa época o sentimento de cuidado e as crianças que morriam eram substituídas por outras, como se não fizessem falta alguma.
A partir do século XX a infância começa a ocupar um lugar com fundamental importância para família e para sociedade. Começasse a pensar nesse ser de pouco de idade, como alguém que precisa de lugar, tempo, espaço e cuidados diferenciados, surgindo assim o que hoje chamamos de infância.
Como consequência também surgiram as primeiras instituições de educação infantil destinadas ao atendimento específico para crianças pequenas (1822). Inicialmente para assistência e cuidados às crianças órfãs, filhos da guerra ou do abandono produzido pela pobreza.As crianças sempre existiram no Brasil, quando as embarcações portuguesas chegaram encontraram as crianças indígenas, logo vieram as crianças africanas, que tiveram uma vida muito sofrida visto que os portugueses exploravam apenas a força do seu trabalho.Em 1927 a infância passou a receber amparo legal no Brasil, com o Código de Menores, elaborado para retirar as crianças abandonadas das ruas e acabar com a criminalidade.
Com o golpe militar de 1964 a infância até então abandonada passou a ser analisada como fator para o subdesenvolvimento. O governo desse período tinha intenção de tornar o país em uma das potências mundiais, para isso criou a Fundação do Bem Estar do Menor (FEBEM).

Porém não estavam tão preocupados com o bem estar desses menores e sim conter esses jovens que colocavam em risco a segurança e o desenvolvimento do país. Talvez haja uma modificação nessa motivação.


A partir da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/1990), quando foram elaboradas leis sobre os deveres e direitos da criança e do adolescente, uma das críticas ao estatuto era justamente a questão cultural e o contexto em que essas orientações foram criadas.
O ECA é uma cópia estrangeira e não faz parte do contexto brasileiro.
Ainda vemos muitas ações da sociedade que ferem os direitos das criança, um exemplo é a mídia, que é usada pelos empresários para manipular as crianças, visto que elas passam grande parte de seu tempo em frente de uma TV, assim o hábito consumista é praticamente imposto sobre elas.
Segundo o documentário "Criança a alma do negócio", a mídia se tornou o principal fator que contribui para a formação da nossa personalidade, não sendo mais a família, os amigos, a escola ou a igreja. Esse apelo ao consumo da televisão está fazendo com que as crianças levem vidas de adulto e tenham a sexualidade mais aguçada, porém continuam imaturos por muito mais tempo.
Afetando também o hábito alimentar de muitas dessas crianças, com alimentos pobres em nutrientes e colaborando para obesidade infantil.Em outros países este tipo de assunto já tem um amparo legal, por exemplo, na Suécia é proibida a publicidade na TV dirigida às crianças menores de 12 anos, antes das 21 horas.
No Brasil, como de costume, este assunto de proteção à infância continua atrasado e sem um amparo legal para este problema.
Existem projetos de leis que demoram anos para serem aprovados, como é o caso do projeto que propõe a proibição da comercialização de lanches acompanhados de brinquedos.O medo infantil que conhecemos é característico da imaginação da criança, novas pesquisas mostram que o medo está cada vez mais no campo da realidade. E as crianças brasileiras são as principais vítimas dessas mudanças, que tem como veículo principal a televisão.
Por exemplo as crianças brasileiras têm muito mais medo do terrorismo do que as que vivem essa realidade e sofrem muito mais com o bullying do que as crianças americanas.
Essas pesquisas tem a finalidade de mensurar o equilíbrio emocional de crianças de 8 à 15 anos, em mais de 14 países, pertencente as classes A e C.
O estudo mostra que as crianças do Brasil são as mais estressadas do mundo e que o país vem falhando na tarefa essencial de protege las e lhes dar tranquilidade.
Somente as crianças da Indonésia perdem para as brasileiras nesse quesito, pois vivem o terrorismo perseguição religiosa, desastres naturais, pobreza e o regime repressivo. No Brasil só a pobreza é que prevalece nesses quesitos.
Porém as crianças da Indonésia ficaram com pontuação 4 em relação ao estresse, enquanto as brasileiras atingiram o pico de 7 pontos.
Existem dois fatores que contribuem para essa realidade das crianças brasileiras, o primeiro seria o clima de catastrofismo que se formou em torno do caos nacional, presentes nos telejornais e conversas de vizinhos, o segundo é o aumento da adolescência, mais difícil de se controlar, antes era uma fase cronológica e biológicas que ia dos 13 ou 14 anos aos 17, hoje ela não só está transbordando para idade adulta, como também acuando a infância. Ou seja, a confusão emocional típica dos adolescentes cada vez mais atinge aqueles que, pelo calendário, ainda deveriam estar longe de experimenta la, o que só faz agravar as inseguranças já demasiadas e esmagadoras da criançada.
Essa pesquisa realizada pelo canal de TV Nickelodean, revela a realidade de um país que vem privando suas crianças de alguns dos seus direitos mais básicos, como a inocência, a tranquilidade e o pouco de ilusão que dá cor a infância.(Psicologia Social - produzido pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul - 2014)

Progressão Continuada: entenda o termo e as diferenças

A progressão continuada, às vezes confundida com "aprovação automática", vem sendo foco de árduos debates de Educação desde o início dos anos 1980. Com isso, ocupou lugar de destaque nas falas de gestores e até mesmo nas campanhas eleitorais.

Mais recentemente, em 2014, o governo do Estado de São Paulo mudou a organização do ensino por ciclos e revisou a implantação da progressão continuada. Mas o que pretende esse sistema? Como foi implantado no Brasil? Conheça um pouco da história de um dos temas mais polêmicos do ensino no País.

O que é progressão continuada?

No Ensino Fundamental, o Brasil possui duas formas básicas de ensino: por séries ou por ciclos. O primeiro tipo pressupõe que cada aluno com desempenho insatisfatório seja reprovado ao final do ano letivo. Já os que dominam o conhecimento esperado devem progredir para a próxima série.

O ensino por ciclos tem outra cara: os estudantes devem obter as habilidades e competências em um ciclo que, em geral, é mais longo do que um ano ou uma série. Como, dentro de um ciclo, normalmente, não está prevista a repetência, mas sim a recuperação dos conteúdos por meio de aulas de reforço, usa-se o termo progressão continuada.

Qual a intenção de dividir o estudo em ciclos e de limitar a repetência?

De acordo com pesquisadores da Educação, os ciclos são uma tentativa de regularizar o fluxo dos alunos ao longo dos anos na escola, superando o fracasso escolar das altas taxas de reprovação. A ideia é fazer com que os estudantes tenham acesso ao ensino sem interrupções ou repetências que criem desânimo ou prejudiquem o aprendizado.

Quando a progressão continuada começou a ser implantada?

Há iniciativas de instituir o ensino por ciclos que datam de 1920. A partir dos anos 1980, a temática ganhou destaque nos debates nacionais. Mas foi em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que mais redes de ensino começaram a adotar o ensino por ciclos e a progressão dentro deles.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê a organização por séries?

Não. O texto da BNCC para o Ensino Fundamental, aprovado em 2017, separou os objetivos de aprendizagem ano a ano, mas isso significa que as escolas tenham que se organizar por séries. "Ter objetivos é muito importante. Na Base eles são anuais, mas poderiam ser semestrais. Isso não quer dizer que a escola tenha de ser seriada", afirma o professor Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). O importante, diz o professor, é a escola ter formas de acompanhar o aprendizado, seja em ciclos ou séries.

Quais são os nomes que a progressão continuada já recebeu?

Alguns dos nomes são promoção automática, aprovação automática e avanço progressivo. Alguns trazem uma carga negativa, como "aprovação automática".

Quantas escolas têm progressão continuada?

No País, 25 de cada 100 escolas dizem oferecer o ensino por meio de ciclos, com a progressão continuada dentro deles. Diferentes redes estabelecem durações distintas para os ciclos. No entanto, segundo Alavarse, é muito comum que os ciclos sejam apenas um rótulo, ou seja, que escolas que dizem trabalhar em ciclos tenham uma prática seriada. "Os ciclos fazem sentido por alongar o tempo para o trabalho pedagógico. Mas isso implica num trabalho coletivo, para permitir a evolução do estudante. Na maioria das escolas, tudo recomeça a cada ano letivo, sem um acompanhamento contínuo", diz.

A progressão continuada prejudica o aprendizado?

Não. De acordo com o professor Alavarse, "a repetência é contraindicada, na imensa maioria dos casos, por não resultar em ganho para os que estão repetindo". Em comparações de alunos com as mesmas dificuldades, os que progrediram na escola tiveram vantagens sobre os que repetiram, pois puderam seguir com o mesmo grupo de colegas e recuperar parte das habilidades esperadas.

Por que a progressão continuada e o ensino por ciclos são tão criticados?

Muitas famílias associam os ciclos a uma queda da qualidade do ensino, daí o motivo das críticas. Parte dos professores também acredita que a ferramenta da reprovação é um "incentivo" aos estudantes.

No ambiente acadêmico, embora existam opositores ao sistema de ciclos, há mais defensores. As críticas dos professores universitários e especialistas recaem, principalmente, sobre a forma de implantação do sistema de ciclos - que muitas vezes ocorreu sem a plena participação dos professores, sem um projeto pedagógico adequado e sem condições para oferta de recuperação de conteúdos aos alunos.

O que o ensino por ciclos e a progressão continuada precisam para funcionar bem?

O ensino por ciclos depende de condições materiais adequadas nas escolas, de bons profissionais, do acompanhamento das famílias. Alguns elementos são fundamentais para a escola, tais como:
- Uma proposta político-pedagógica adequada para cada escola.

- Clareza sobre o currículo e sobre os conteúdos que cada estudante tem de aprender.

- Engajamento da equipe de professores, com trabalho coletivo e até mesmo mudança das jornadas de trabalho.

- Avaliação do aprendizado dos estudantes e da própria instituição a todo o tempo, para corrigir eventuais falhas.

- Entendimento do processo de aprendizagem de cada aluno.

(Fonte: www.todospelaeducacao.org.br)

Avaliação da aprendizagem: princípios e tipos

Por: Kym Kanatto Gomes Melo

Este trabalho busca compreender o processo de avaliação de aprendizagem, sendo a aplicabilidade dos instrumentos de avaliação utilizados por professores no processo ensino/aprendizagem e como esses métodos contribuem para a construção do conhecimento uma vez que o significado de avaliação é: um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a situação atual e a situação desejada, visando uma intervenção na realidade para favorecer a aproximação entre ambas, que está relacionado no modelo político pedagógico.

A avaliação é parte integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos processos de ensino. Por outro lado, necessita de preparo técnico e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos no mesmo. Segundo Perrenoud (1999),

"A avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico."

O professor, que trabalha numa didática interativa, observa gradativamente a participação e produtividade do aluno, contudo é preciso deixar bem claro que a prova é somente uma formalidade do sistema escolar e não ser simplesmente usada como avaliação. Desse modo, entendemos que a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica. (LUCKESI, 1995, p. 28).

O reconhecimento das diferentes trajetórias de vida dos educandos implica flexibilizar das formas de ensinar e avaliar, ou seja, contextualizar e recriar metodologia aplicada. Segundo Luckesi (1995), a avaliação tem sua origem na escola moderna com a prática de provas e exames que se sistematizou a partir do século XVI e XVII, com a cristalização da sociedade burguesa.

A prática de avaliação da aprendizagem que vem sendo desenvolvida nas nossas instituições de ensino não tem sido utilizada como elemento que auxilie no processo ensino/aprendizagem, perdendo-se em mensurar e quantificar o saber, deixando de identificar e estimular os potenciais individuais e coletivos.

A avaliação do rendimento do aluno, isto é, do processo ensino-aprendizagem, tem sido uma preocupação constante dos professores até os dias atuais com a Era da Informação. Em primeiro lugar, porque faz parte do trabalho docente verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino, mas cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem.

O ensino no processo propicia a apropriação da cultura e da ciência, do desenvolvimento do pensamento, e da construção da intelectualidade por meio da formação e operação com conceitos. De acordo com Claudinho Pilleti (2006) os princípios básicos que dão sustentáculo ao processo ensino-aprendizagem são: a) Estabelecer o que será avaliado, pois educar tem em vistos vários objetivos que permitem o desenvolvimento do indivíduo como um todo, envolvendo aspectos de aproveitamento (domínio cognitivo, afetivo, psicomotor), a inteligência, o desenvolvimento sócio-emocional do aluno, enfim, avaliar o que os alunos sabem e como pensam a respeito de determinado assunto; b) Selecionar as técnicas adequadas para avaliar, uma vez que a avaliação reflete tanto sobre o nível do trabalho do professor quanto na aprendizagem do aluno; c) Utilizar uma variedade de técnicas faz-se necessário, pois a verificação e a quantificação dos resultados de aprendizagem no processo completo, visa sempre diagnosticar e superar dificuldades, corrigindo falhas e estimulando os alunos aos estudos; d) Ver a avaliação como uma parte do processo ensino-aprendizagem, isto é, como um meio de diagnosticar o desempenho/a aprendizagem dos alunos.

Segundo Vasconcelos (2005) deve-se distinguir avaliação de nota, a avaliação é um processo que precisa de uma reflexão crítica sobre a prática, podendo desta forma verificar os avanços e dificuldades e o que se fazer para superar esses obstáculos. A nota seja na forma de número ou conceitos é uma exigência do sistema educacional.

Portanto, segundo SANTOS (2005, p. 23), avaliação é algo bem mais complexo do que apenas atribuir notas sobre um teste ou prova que se faz, ela deve estar inserida ao processo de aprendizagem do aluno, para saber os tipos de avaliações que devem ser praticadas dizemos que podem ser:

I. Formativa: tem como objetivo verificar se tudo aquilo que foi proposto pelo professor em relação aos conteúdos estão sendo atingidos durante todo o processo de ensino aprendizagem;

II. Cumulativa: neste tipo de avaliação permite reter tudo aquilo que se vai aprendendo no decorrer das aulas e o professor pode estar acompanhando o aluno dia a dia, e usar quando necessário;

III. Diagnóstica: auxilia o professor a detectar ou fazer uma sondagem naquilo que se aprendeu ou não, e assim retomar os conteúdos que o aluno não conseguiu aprender, replanejando suas ações suprindo as necessidades e atingindo os objetivos propostos;

IV. Somativa: tem o propósito de atribuir notas e conceitos para o aluno ser promovido ou não de uma classe para outra, ou de um curso para outro, normalmente realizada durante o bimestre;

V. Auto-avaliação: pode ser realizada tanto pelo aluno quanto pelo professor, para se ter consciência do que se aprendeu ou se ensinou e assim melhorar a aprendizagem. Em grupo: é a avaliação dos trabalhos que os alunos realizaram, onde se verifica as atividades, o rendimento e a aprendizagem.

A partir desta análise, a avaliação constitui-se em um momento reflexivo sobre teoria e prática no processo ensino-aprendizagem. Ao avaliar, o professor estará constatando as condições de aprendizagem dos alunos, para, a partir daí, prover meios para sua recuperação, e não para sua exclusão, se considerar a avaliação um processo e não um fim.

Considerando-se parte mais importante de todo o processo de ensino-aprendizagem. Bevenutti (2002) diz que avaliar é mediar o processo ensino/aprendizagem, é oferecer recuperação imediata, é promover cada ser humano, é vibrar junto a cada aluno em seus lentos ou rápidos progressos.

(Fonte: www.portaldaeducaçao.com.br)

A educação infantil nos séculos XIX e XX

O reconhecimento no passado da infância é diferente nos dias de hoje. Não se na compara como e era vista no passado. Ao estudar a infância e a educação, vamos perceber as transformações ocorridas com o passar dos tempos. A infância é o período onde a criança se desenvolve, é a fase de descobertas do mundo, ver, ouvir, sentir, tocar. Mas nem sempre foi assim, antigamente não existia uma valorização da criança como individuo, havia criança, mas não existia o conceito de infância. A história nos mostra o surgimento de varias concepções de infância. A criança era vista como um adulto em escala reduzida, sua educação e cuidados eram de responsabilidade da mãe. "[...] mal adquiria algum embaraço físico, era misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos" (Áries, 1978, p. 11). A infância não era vista como uma fase de fragilidade, tendo em vista que a criança tinha uma atenção especial somente no início da vida. Era vista diferente do adulto apenas no tamanho e na força e o importante era que crescesse para enfrentar a vida adulta.

DESENVOLVIMENTO

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a visão da criança como indivíduo e como era sua educação nos primórdios da historia. Na sociedade medieval tradicional não via a criança com bons olhos, Nesta época não existia a valorização da família ela existia para a conservação dos bens; a prática comum de um ofício, a criança tinha que trabalhar desde cedo. "[...] para aprender os trabalhos domésticos e valores humanos, mediante a aquisição de conhecimento e experiências práticas" (MENDONÇA, 2012, p. 17) e, dessa forma, não era possibilitada a criação de sentimentos entre pais e filhos. Não havia distinção entre crianças e adultos, usavam os mesmos tipos de trajes e de linguagem, não existia um sentimento em especial aos mais novos. Na educação, pessoas de todas as faixas etárias frequentavam a mesma sala de aula e recebiam o mesmo ensinamento.

Essa visão que se tinha da criança passa a se modificar social e intelectualmente após a Idade Moderna, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a constituição de Estados laicos, porém apenas a criança nobre era tratada melhor, diferentemente da criança pobre. É neste contexto que surgi à figura do Pedagogo que era o escravo que conduzia à criança a escola.

De um ser sem importância a criança passa ser um indivíduo de grande relevância na sociedade, com direitos e que precisa ter suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas, emocionais supridas.

Segundo Fraboni a etapa histórica que estamos vivendo, fortemente marcada pela "transformação", tecnológico - cientifico e pela mudança ético-social, cumpre todos os requisitos para tornar efetiva a conquista do salto na educação da criança, legitimando- a finalmente como figura social, como sujeito de direitos enquanto sujeito social". (1998, pg.68).

O ato de conceber a criança como ser individual, com suas definições bem diferentes dos adultos, que possuem direitos enquanto cidadão são mudanças na educação infantil, tornando o atendimento ás crianças de 0 a 06 anos ainda mais específicos.

No Brasil, a educação pública só teve início no século XX. Durante várias décadas, houve diversas transformações: a pré-escola não tinha caráter formal, não havia professores qualificados e a mão de obra era muita das vezes formada por voluntários, que rapidamente desistiam desse trabalho (MENDONÇA, 2012). Graças à Constituição de 1988, a criança foi colocada no lugar de sujeito de direitos e a educação infantil foi incluída no sistema educacional.

Os primeiros movimentos voltados para o cuidado da criança foi em 1874, na qual as Câmaras Municipais do Brasil passaram a destinar uma ajudar financeira para as crianças negras, místicas ou brancas que eram rejeitadas, tinha que apresentar periodicamente às crianças as autoridades. Um tempo depois foi criada pela a Igreja Católica as Rodas dos Expostos, ou dos rejeitados essa instituição era de cunho filantrópico da Santa Casa de Misericórdia, e foram se espalhando pelo país no século XVIII. Com o advento da República houve uma preocupação maior com educação da criança, mas foi no século XX, que há ações que demonstram atuações por parte da administração pública. As instituições destinadas ao cuidado da criança eram de cunho preventivo e de recuperação das crianças pobres, consideradas perigosas para a sociedade. O foco não era a criança, mas naquilo que era denominado como menor abandonado e delinquente. (KUHLMANN JR., 2002), demonstra uma imagem da criança pobre como delinquente e perigosa em potencial, pois, pois as crianças viviam mal alimentadas, em lares nos quais o alcoolismo era uma constante e conviviam com país que, muitas vezes não trabalhavam.

Em 14 de Novembro de 1930 o Ministério da Educação (MEC) é criado pelo presidente Getúlio Vargas, que é um órgão do governo federal do Brasil fundado no decreto nº 19.402, com o nome Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, eram encarregados pelo estado e despacho de todos os assuntos relativo ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar. Nos anos 70, o Brasil assimilou as teorias desenvolvidas nos Estados Unidos e Europa, que sustentavam que as crianças mais pobres sofriam de privação cultural e eram colocadas para explicar o fracasso escolar delas, esta ideia direcionou por muito tempo a Educação Infantil, enraizando uma visão assistencialista e compensatória foram então adotadas sem que houvesse uma reflexão critica mais profunda sobre as raízes estruturais dos problemas sociais. Isto passou a influir nas decisões de políticas de educação Infantil. (OLIVEIRA, 2002 pg. 109). Dessa forma, pode-se observar a origem do atendimento fragmentado que ainda faz parte da Educação Infantil destinada às crianças carentes, uma educação voltada para suprir supostas "carências", é uma educação que leva em consideração a criança pobre como um ser capaz, como alguém que não responderá aos estímulos dados pela escola.

NA década de 80, com a abertura política, houve pressão por parte das camadas populares para a ampliação do acesso à escola. A educação da criança pequena passa a ser reivindicada como um dever do Estado, que até então não havia se comprometido legalmente com essa função. Em 1888, devido à grande pressão dos movimentos feministas e dos movimentos sociais, a Constituição reconhece a educação em creches e pré-escolas como um direito da criança e um dever do Estado. Vejamos o que diz a Constituição:

Art .205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será provida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 1).

Em meados dos anos 90, ocorreu uma ampliação sobre a concepção de criança. Agora se procura entender a criança como um ser sócio-histórico, onde a aprendizagem se dá pelas interações entre a criança e seu entorno social. Essa perspectiva sócio-interacionista tem como principal teórico Vigotsky, que enfatiza a criança como sujeito social, que faz parte de uma cultura concreta (OLIVEIRA, 2002).

Há um fortalecimento da nova concepção de infância, garantindo em lei os direitos da criança enquanto cidadã. Cria-se a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente); a nova LDB, Lei nº 9394/96, incorpora a Educação Infantil como primeiro nível da Educação Básica, e formaliza a municipalização dessa etapa de ensino.

A Lei de Diretrizes e Base da Educação foi criada para definir e regularizar o sistema de educação brasileira com bases na Constituição. Observa-se uma inversão, na Constituição a educação é obrigação em primeira instância do Estado, já na LDB a obrigação passa a ser de responsabilidade da família. Vejamos o que o Art. 3º da LDB diz acerca da educação nacional:

Art. 3º. O ensino será com base nos seguintes princípios: igualdade de condição para o acesso a permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço á tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação escolar; gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da igualdade e dos sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar; vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (BRASIL, 1996, p. 1)

Em 1998, é criado RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil), um documento que procura nortear o trabalho realizado com crianças de zero a seis anos de idade. Ele representa um avanço na busca de se estruturar melhor o papel da Educação Infantil, trazendo uma proposta que integra o cuidar e o educar, o que é hoje um dos maiores desafios da Educação Infantil.

No art. 29 da LDB, foram destinadas às crianças de até seis anos de idade, com a finalidade de complementar a ação da família e da comunidade, objetivando o desenvolvimento integral da criança nos aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais. Isto nos remete à questão da formação humana [...] mas que ressalta a necessidade de promover o processo humanizado da criança. Esse processo requer e implica em um projeto de educação infantil fundamentado em um conceito de educação para a vida, pois ele dará os recursos cognitivos iniciais para o pleno desenvolvimento da vida da criança. (MENDONÇA, 2012, p. 42).

De acordo com a citação acima, é na Educação Infantil que a criança irá se desenvolver integralmente, pois é durante essa etapa que ocorre o processo de humanização e troca de experiências sociais que a tornarão sujeito com identidade. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a educação infantil é o sistema destinado à faixa etária de zero a seis anos: as creches para a faixa de zero até três anos e as pré-escolas para a faixa de quatro a seis anos (MATTIOLI apud TADEI; STORER, 1998).

A Educação Infantil é fundamental e essencial porque desenvolve um papel de destaque no desenvolvimento humano e social da criança. Ela vai evoluir de forma cognitiva, tendo contato com diversos objetos e com a arte, cultura e a ciência, dando vazão à sua criatividade na escola e essa instituição deve ser esse espaço preparado, com professores que levem em conta a criatividade e a capacidade dessa criança que já tem um conhecimento prévio, tem uma história e a sua própria linguagem.

CONCLUSÃO

Através desse estudo, pode-se constatar que o conceito de infância repercute fortemente no papel da Educação Infantil, pois direciona todo o atendimento prestado à criança pequena. Dessa maneira, a Educação Infantil está intrinsecamente ligada ao conceito de infância, tendo a sua evolução marcada pelas transformações sociais que originaram um novo olhar sobre a criança.

É bom lembrar que a educação voltada para os pequenos só aconteceu devido à mudança de olhar da sociedade valorizando-a, caso não houvesse isso á educação infantil não teria mudado a sua forma de conduzir o trabalho docente, e não teria surgido um novo perfil de educador para essas etapas.

No Brasil a educação infantil, como Políticas Públicas só desponta somente no século XX, demonstrando a falta de cuidado com a infância brasileira. Por outro lado, a presença de discussões sobre a educação infantil, resultou em leis e documentos como a (Constituição Federal de 1988, ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, LDB, Lei de Diretrizes e Bases, RCNEI, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e a criação do MEC, Ministério da Educação), isso mostra que há uma preocupação pelas leis que regulamentam a educação infantil no Brasil.

(Fonte: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-educacao-infantil-seu-contexto-historico.htm)

A importância da formação docente para EJA

Artigo Portal da Educação

Introdução

A educação para adultos é o tipo, de educação orientada para adultos que completaram ou abandonaram a educação formal. É uma prática em que adultos se envolvem em atividades sistemáticas e sustentadas de autoeducação a fim de obter novas formas de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.

Pode significar qualquer forma de aprendizagem de adultos que envolve, além da escolarização tradicional, a alfabetização básica para a realização pessoal. Em particular, a educação de adultos reflete uma filosofia específica sobre aprendizagem e ensino com base no pressuposto de que os adultos podem e querem aprender, que são capazes e dispostos a assumir a responsabilidade por sua aprendizagem e que a própria aprendizagem deve responder às suas necessidades.

O pedagogo Paulo Freire desenvolveu importantes estudos sobre a educação que culminaram numa modalidade de ensino específico para o público adulto no Brasil, conhecida como "Educação de Jovens e Adultos (EJA)". Essa política é construída com recursos financeiros próprios para a modalidade, além das especificidades das relações de ensino-aprendizagem, criação de material didático e formação específica e continuada de professores. Contudo, essa política, assim como outras, é marcada por avanços e retrocessos, passando na atualidade por uma desvalorização. 

Sobre o artigo

Este artigo destina-se refletir sobre a formação docente para o trabalho desenvolvido na Educação de jovens e Adultos (EJA) em sala de aula, uma vez que muitos docentes ainda não estão ou não se sentem preparados para ensinar nessa modalidade de ensino. Os docentes argumentam que é preciso ter mais subsídios para que possam sanar as dificuldades apresentadas e ainda manter o interesse do aluno que trabalha. Os trabalhos docentes, muitas vezes, não correspondem as necessidades dos educandos. Fato que pode ainda gerar insegurança e insatisfação com os alunos da EJA, que vem resultar em evasões ou descrédito nos programas da educação. Este estudo foi realizado através de aplicação de questionários na escola: Pedro Alves Cunha no Município de Poções e também da revisão bibliográfica sobre o tema. Com embasamento teórico, a leitura da LDB nª 9. 394/96, da Constituição Federal (1998), as concepções sobre a EJA de Regina Leite Garcia (1998), José Carlos Barreto e Vera Barreto (2001), Paulo Freire (2003) e Álvaro Vieira Pinto (2003). 

Este estudo tem como objeto de pesquisa a Formação docente para o trabalho desenvolvido na educação de jovens adultos e idosos em sala de aula, uma vez que muitos docentes não estão ou não se sentem preparados para atuar na EJA. Sendo que a mesma educação está contemplada pela lei das Diretrizes e Bases (LDB), nª 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Algumas professoras da EJA puderam presenciar alguns questionamentos e angustias dos colegas a respeito da insegurança para atuar em sala de aula e, principalmente a preocupação na seleção dos conteúdos relevantes para os educandos da EJA. 

A EJA é identificada historicamente como uma educação para alunos que estão no mercado de trabalho, mas que querem melhorar suas condições de profissionais e também para aqueles que veem nela inserção no mercado de trabalho. Os docentes argumentam que é preciso ter mais subsídios para que possam sanar as dificuldades apresentadas e, ainda, manter o interesse do aluno que chega cansado do trabalho. Esses alunos são trabalhadores, que lutam para superar suas condições de vida que, invariavelmente estão relacionados ao analfabetismo, ao desemprego, aos baixos salários e às péssimas condições de vida que comprometem a sua educação.Tomando como referência nossa participação e envolvimento no programa da EJA, podemos argumentar que esta questão tem causado inquietações na maioria dos docentes. Talvez um dos indícios desse pensamento do corpo docente seja pelo fato de acreditarem que muitos deles não possuem uma capacitação adequada para atender as demandas para esse público específico.

Com pesquisa realizada em uma escola do Município de Poções, percebe-se a preocupação dos colegas em relação ao seu possível despreparo para desenvolver um bom trabalho com Jovens, adultos e idosos. Essa apreensão pode ser justificada pelo fato de que os professores, inclusive do programa governamental da EJA, na Bahia," Todos pela Educação- TOPA" nem todos possuem uma formação adequada muitos concluíram o ensino médio e não tem nenhuma experiência com alfabetização ou nunca sequer ministraram aula. 

Em consequência, o trabalho docente, muitas vezes, pode não estar condizente com as reais necessidades dos educando. Fato que pode gerar muitas vezes insegurança e insatisfação com os alunos da EJA, que vem resultar em evasões ou descrédito nos programas de Educação. 

Atualmente, para se pensar em políticas nacionais de EJA no Brasil torna-se significativo entender o processo que vem ganhando visibilidade, desde o início da década de 90. A recolocação das atribuições da educação básica, em geral, e da EJA, em particular, nas esferas federais e estaduais para âmbito municipal. 

Esse deslocamento foi reforçado pelas novas Diretrizes de Bases da Educação Nacional, na LDB N 9.394/96, que confere maior responsabilidade aos municípios coerente com a Constituição Federal de 1988. No que diz respeito ao Ensino Fundamental. A LDB estabelece também aos sistemas de ensino o dever de assegurar gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, considerando as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalhos.

Ela determina, ainda que os sistemas de ensino devam viabilizar e estimular o acesso e permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre as diversas esferas públicas.É importante verificar que a LDB apresenta recuos significativos em relação ao texto da Constituição de 1988, no sentido de quebra da obrigação do Estado com essa modalidade educativa, em especial não mantendo o compromisso de eliminação do analfabetismo em dez anos, como constava do no texto original da Constituição Federal e foi alterada por emenda Constitucional. Originalmente, a LDB incluía os alunos do supletivo para fins de transferência dos recursos financeiros. Entretanto, por meio do veto do presidente da República, essa possibilidade, aprovado pelo congresso Nacional, foi retirada da lei. Como consequência desse veto, observamos a diminuição de matrículas nos cursos supletivos e a ampliação do atendimento ao ensino regular noturno.Pouco tem sido feito para melhorar o atendimento de jovens e adultos nos cursos regulares noturnos. Um dos grandes desafios enfrentados pelas redes municipais é a implementação do Projeto Político Pedagógico que atende satisfatoriamente jovens e adultos trabalhadores. Apesar de algumas iniciativas consistentes articuladas a projetos educativos inovadores, a grande maioria dos municípios, além de encontrar imensa dificuldade em dar conta do atendimento, não consegue romper com os modelos de ensino regular para a infância. Em termos de iniciativas atuais para a EJA, duas ações merecem destaque, sendo que a primeira refere-se ás diretrizes curriculares aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, de autoria do professor Carlos Jamil Cury: e a segunda aos fóruns estaduais e os encontros nacionais da EJA. 

A Constituição Federal (1988) estendeu o direito do Ensino Fundamental aos cidadãos de todas as faixas etárias, ampliando assim, as oportunidades educacionais para aqueles que já ultrapassaram a idade de escolarização regular e acreditavam ser ilusão concluir o seu curso ficando apenas um sentimento de fracasso e exclusão. A proposta curricular foi direcionada para detalhamento de conteúdos e objetivos educativos. A educação de jovens e adultos corresponde ao um nível de ensino caracterizado não só pela diversidade do público atendido, mas pelos contextos em que se realiza, pela variedade dos modelos de organização dos programas. A legislação brasileira é bastante aberta quanto a carga horária, á duração e aos componentes curriculares desses cursos. Considerando essa flexibilidade a permitindo uma grande variedade de combinações, ênfases, supressões, complementos e formas de concretização. Propor parâmetros para sequenciação do ensino é uma tarefa complexa em se tratando de educação de jovens e adultos, pois os programas variam de acordo com a duração á carga horária, aos critérios de organização das turmas e a seriação. É comum também a existência multisseriadas, reunindo pessoas com diferentes níveis de domínio da escrita e da matemática, de conhecimentos sobre a sociedade e a natureza.  Ao apontar as relações entre aluno e conhecimento, Freire (2003) coloca o aluno como sujeito, e não como objeto do processo educativo, afirmando sua capacidade de organizar a própria aprendizagem em situações didáticas planejadas pelo professor, num processo interativo, partindo da realidade desse aluno conforme a seguir:

"O que tenho dito sem cansar, e redito, é que não podemos deixar de lado, desprezando com algo imprestável, é que educando, sejam crianças chegando à escola ou jovens e adultos o centro de educação popular, trazem consigo de compreensão do mundo, nas mais variadas dimensões de sua prática social de que fazem parte. Sua fala, seu modo de contar, de calcular, de seus saberes em torno de saúde, do corpo, da sexualidade, da vida, de morte, da força dos santos, dos conjuros". (FREIRE, 2003, p-85-86). 

Porém, a afirmação do valor o qual possuem tais saberes nunca implicou Freire considerar que o educando devesse ficar preso a tais conhecimentos, mas firmemente posicionou-se a favor de que todas as pessoas têm o direito de saber melhor o que já sabem e também aquilo que ainda não sabem. Sob essa perspectiva Bakhtin afirma que "o nosso pensamento se origina e se forma no processo de interação e luta com pensamentos alheios, o qual não pode deixar de refletir-se na forma de expressão verbal de nosso". (BAKHTIN, 1992, p. 22)

Transpondo para o ensino da EJA, o professor, ao pretender ensinar, deve levar em conta o que os alunos trazem consigo e a sua experiência pessoal adquirida no seu grupo social. A experiência do saber não deve representar uma ruptura com o que os alunos trazem á escola, mas deve estabelecer uma continuidade que leve ao domínio de novos conhecimentos. A partir da década de 30, a educação básica de adultos começou marcar o seu lugar na história da educação no Brasil, quando finalmente começa a ser um sistema público de educação nos países. Nesse período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração populacional em centros urbanos. O fim da ditadura de Vargas em 1945, o fim da segunda guerra mundial e a Organização das Nações Unidas( ONU), também, tiveram a sua parcela de contribuição para a implementação da EJA. A ONU visando à paz e a democracia alertava para a urgência de entregar os povos, além da urgência que tinham para aumentar as bases eleitorais para a sustentação do governo Federal. Em 1967, o governo assumiu o controle e lançou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). As orientações metodológicas e os materiais didáticos foram baseados em todas as experiências efetuadas no início dos anos 60. Mas havia uma condição em sua proposta: as palavras-chave eram retiradas " da vida simples do povo", porém as mensagens a elas associadas demonstravam uma sociedade moderna pintada sempre de cor-de-rosa. O MOBRAL foi extinto em 1985, quando já desacreditado pelos meios políticos e educacionais deu lugar a Fundação Educar, que tinha como função entre outras de fomentar o atendimento às séries iniciais do 1 grau. E, também, ao ser extinta, deixou um enorme vazio em termos de políticas para e educação de Jovens e adultos, dando assim autonomia para os municípios e implementarem os seus próprios projetos. 

Em 2000, em Dacar, no Senegal, a Cúpula Mundial de Educação aprovou a declaração denominada Marco de Ação de Decar, em que reafirma a Declaração de Jomtiem, segundo a qual:

[...] toda criança, jovem ou adulto tem direito humano de se beneficiar de uma educação que satisfaça suas necessidades básicas de aprendizagem no melhor e mais plenas sentido do termo, e que inclua aprender a aprender, a fazer, a conviver e a ser. É uma educação que se destina a captar os talentos e o potencial de cada pessoa e desenvolver a personalidade dos alunos para que possam melhorar suas vidas e transformar suas sociedades [...]. 

Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam atendidas pelo acesso equitativo à aprendizagem, apropriada a habilidade para a vida e a programas de formação para a cidadania. ( MARCO DE AÇÃO DE DACAR,2000, p.23)

É de sua importância que os professores e coordenadores conheçam, discutam e priorizem essas orientações, estabelecendo princípios para uma atuação coerente com sua realidade. Da mesma forma, o conhecimento das especificidades da EJA e o registro de suas ações.

No Brasil, com pouco caso das elites pela educação do povo, tanto que foram destruindo a escola pública e desqualificando os professores. Para Garcia é uma, Tarefa de recuperação da esperança numa escola que, para grandes contingentes de população, nada significa. Tarefa de recuperação da esperança numa sociedade em que quatro quintos estão colocados á margem de consumo, ainda que convidados diariamente pela televisão a consumir, estes que, participando da produção das riquezas nacionais, são impedidos de participar minimamente do resultado do que a sociedade global produz. (GARCIA,1998,p.14)

(Fonte: https://www.portaleducacao.com.br)

Psicopedagogia: o que é, importância e atuação profissional

Por SBcoaching

Você sabe o que é psicopedagogia e onde ela se aplica? Entender como o conhecimento é construído, descobrir os processos de aprendizagem humana e permitir uma educação mais eficiente. Todas essas são questões relacionadas a esse vasto campo. Mas há muito mais a saber sobre a sua importância e também sobre as possibilidades de atuação de um profissional formado em psicopedagogia. Ao longo do artigo, vamos esclarecer esses e outros pontos sobre o assunto. Este é um verdadeiro guia para quem está considerando seguir por esse caminho, mas ainda convive com dúvidas e incertezas. Pronto para começarmos?

O que é psicopedagogia?

A psicopedagogia, como o próprio nome já sugere, vem da união dos saberes de duas áreas, a psicologia e a pedagogia.

Mas a verdade é que se trata de um campo ainda mais multidisciplinar, que aborda conhecimentos da antropologia e até mesmo da neurologia.

O objetivo é um só: entender todo o processo que leva o ser humano a assimilar e construir o conhecimento.

Afinal, desde que nascemos, estamos expostos a um universo de possibilidades, o que significa estarmos em constante aprendizagem.

História da psicopedagogia

Com origem na Europa, a psicopedagogia surgiu como uma forma de trazer respostas às dificuldades de aprendizagem e suas conexões com as disparidades sociais.

Os primeiros centros psicopedagógicos foram criados em 1946 por Juliette Favez-Boutonnier e George Mauco.

Nesses locais, eram recebidas crianças que apresentavam comportamentos considerados inadequados, fosse na escola ou em casa, além daquelas que demonstravam alguma dificuldade para aprender.

A ideia proposta era a de conhecer não só a criança, mas também o meio no qual ela estava inserida, como forma de determinar ações reeducadoras.

A corrente europeia, posteriormente, exerceu influência direta no desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina - sendo, mais tarde, Buenos Aires a primeira cidade a oferecer o curso de formação na área.

Traços históricos da psicopedagogia no Brasil

O Brasil, por sua vez, acabou se espelhando no país vizinho para o desenvolvimento da psicopedagogia, que chegou por aqui na década de 1970.

Isso aconteceu, sobretudo, pela proximidade geográfica e também pela facilidade de acesso à literatura.

Vale destacar que os primeiros passos da psicopedagogia no Brasil ocorreram em um período no qual dificuldades de aprendizagem eram encaradas como disfunção cerebral mínima (DCM).

Um dos principais obstáculos, presente ainda hoje, é o modo como essa abordagem maquia a existência de problemas que são sociopedagógicos.

O que faz o psicopedagogo?

Como já citamos no início do texto, estamos sempre em contato com novos aprendizados.

O papel do psicopedagogo, então, é compreender como assimilamos cada um deles desde que somos apenas recém-nascidos até a fase adulta.

Com isso, o profissional tem a oportunidade de identificar problemas, que podem ser dificuldades ou até mesmo transtornos, e encontrar alternativas para melhorar o processo de ensino e garantir que os conteúdos possam ser absorvidos e compreendidos.

Também cabe a ele decifrar a origem da dificuldade apresentada, que pode ser mental, social, física e mesmo emocional.

É possível ainda que o psicopedagogo atue no desenvolvimento de ações preventivas, a partir do acompanhamento, sobretudo de crianças.

Qual a importância da psicopedagogia?

Depois de falarmos sobre a construção histórica dessa área do conhecimento e mesmo sobre a atuação do profissional, não é difícil compreender a importância do trabalho realizado pela psicopedagogia.

Afinal, podemos dizer que ela serve até mesmo como uma forma de empoderamento daquele que apresenta algum tipo de dificuldade no processo de aprendizagem.

E isso não vale apenas para a alfabetização, por exemplo. Também estão envolvidos fatores de ordem emocional.

Quando inserida no ambiente escolar, a psicopedagogia é uma estratégia que permite agir preventivamente, orientando professores e familiares sobre como identificar sinais de que existe alguma diferença significativa entre o aprendizado de um aluno.

Qual é o campo de atuação do psicopedagogo?

As possibilidades de atuação do profissional especializado em psicopedagogia são muitas - e têm se multiplicado ao longo dos últimos anos.

Por isso, vale a pena olhar com atenção antes de supor que esse profissional vai estar sempre alocado no ambiente escolar.

Onde o psicopedagogo pode atuar?

Nas escolas, ele pode tanto ajudar a identificar as dificuldades apresentadas pelos alunos quanto auxiliar na escolha de métodos mais eficientes de ensino ou até mesmo no aperfeiçoamento do currículo escolar.

Já nas empresas, a psicopedagogia tem como objetivo aumentar a absorção de conteúdos e, é claro, melhorar a performance dos colaboradores.

Também é possível que esse profissional crie sua própria clínica ou consultório, atendendo conforme sua disponibilidade e foco, tanto no âmbito clínico quanto institucional.

Outra opção é prestar assessoria a empresas e até mesmo a órgãos públicos. Pensou que acabou? Ainda não.

Existe também a alternativa de atuar em hospitais, auxiliando pacientes que tenham passado por algum tipo de trauma que reduziu sua capacidade funcional ou resultou em alguma perda de memória.

Quais as diferenças entre a psicopedagogia clínica e institucional?

De maneira prática, a psicopedagogia pode ser dividida em duas grandes áreas: a clínica e a institucional. Cada uma delas exige conhecimentos específicos e também oferece possibilidades distintas de aplicação. Vamos entender melhor as diferenças?

Psicopedagogia clínica

Quem atua como psicopedagogo clínico trabalha em consultórios e faz o atendimento individual de cada paciente.

Mas atenção: ele não tem formação como médico.

É bastante comum que o seu atendimento seja realizado em parceria com outros profissionais, como psiquiatra, fonoaudiólogo ou neurologista. Tudo, é claro, depende do caso e das necessidades apuradas.

Esse profissional tem como principais atribuições apurar as causas que levaram à dificuldade de aprendizagem e oferecer soluções que ajudem a superar o problema.

Com uma linha de atuação terapêutica, também desenvolve técnicas remediativas.

Psicopedagogia institucional

O psicopedagogo institucional, de outra forma, atua com grupos de pessoas. Pode ser em escolas, hospitais e empresas, por exemplo.

Seu papel pode variar de instituição para instituição, mas suas atribuições costumam envolver a avaliação de comportamentos e a identificação de fatores que podem influenciar no desempenho individual, com repercussões coletivas.

Quais são as exigências do mercado de trabalho?

Ao longo dos últimos anos, novas possibilidades se abriram ao psicopedagogo.

Além de todas as opções de atuação que já citamos anteriormente, tem crescido o número de empresas que buscam esse profissional para auxiliar na adaptação de pessoas com deficiência (PCD) que concorrem às vagas oferecidas.

Sempre lembrando que, hoje, a legislação define que ao menos 5% dos postos de trabalho precisam ser ocupados por PCDs.

E por falar em normas, com a consolidação da Lei da Palmada, o psicopedagogo também passou a conquistar espaço em instituições da área jurídica, prestando auxílio no processo de identificação de eventuais problemas que a criança esteja vivendo em seu lar.

Atualmente, as regiões Sul e Sudeste oferecem a maior quantidade de vagas na área, o que também tem a ver com a legislação.

Em São Paulo, por exemplo, existe uma lei municipal que exige a presença do psicopedagogo nas escolas que compõem a rede pública de ensino.

Quais os níveis de formação e modalidades de curso de psicopedagogia?

Já citamos as possibilidades disponíveis para que um profissional passe a atuar como psicopedagogo, certo?

Agora, vamos nos aprofundar em uma delas: o curso de especialização, seja ele de ensino a distância ou não - na sequência, também traremos mais detalhes sobre a graduação em psicopedagogia.

Hoje, a especialização está entre as principais escolhas de quem deseja seguir na área de psicopedagogia.

Ela é oferecida por instituições de ensino no formato de pós-graduação lato sensu e tem duração que varia entre dois e três semestres.

Embora a maioria tenha foco na psicopedagogia institucional, também é possível encontrar a oferta de formação que abrange também a área clínica.

O curso tem como um de seus principais objetivos formar profissionais preparados para promover a avaliação e a intervenção psicopedagógica a partir da identificação de dificuldades ou transtornos de aprendizagem.

O foco é oferecer suporte não só ao indivíduo, mas também aos seus familiares, a partir da perspectiva da inclusão e da diversidade.

Como é o curso de psicopedagogia?

Se você ainda não possui uma graduação de nível superior e deseja seguir na área de psicopedagogia, pode optar por se tornar um bacharel.

No total, essa formação tem entre três e quatro anos de duração - tudo depende da instituição escolhida.

O acadêmico é capacitado para que possa auxiliar no aperfeiçoamento do desempenho de seus pacientes durante o processo de aprendizagem, como forma de permitir que eles próprios possam conhecer e superar suas dificuldades.

Trata-se de uma formação que promove o pensamento crítico dos profissionais e que oferece uma visão sensível e ética sobre o desenvolvimento humano e o ensino.

Qual a grade curricular do curso?

A grade curricular do curso de graduação em psicopedagogia também pode variar muito de uma instituição para a outra. Ainda assim, existem pilares que sempre vão estar presentes ao longo da formação.

Veja quais são alguns deles:

  • Dificuldades no processo de aprendizagem
  • Diagnóstico em psicopedagogia
  • Inclusão e diversidade na educação
  • Intervenção psicopedagógica
  • Análise comportamental
  • Recreação e psicomotricidade
  • Fundamentos sociológicos e antropológicos da educação
  • Metodologia de alfabetização
  • Princípios teóricos da psicopedagogia
  • Neurociência e aprendizagem
  • Instrumentos de avaliação psicopedagógica
  • Gerontologia
  • Saúde mental.

Além disso, a graduação conta com estágios obrigatórios e a produção de um trabalho de conclusão de curso.

Quais as bolsas oferecidas para quem quer cursar psicopedagogia?

Assim como qualquer outra graduação, na psicopedagogia, é possível encontrar bolsas que ajudem a arcar com os custos da faculdade.

A mais conhecida delas é o Programa Universidade Para Todos (ProUni), do Governo Federal, na qual é possível conseguir isenção de até 100%, desde que você preencha os critérios.

Mas essa não é a única alternativa disponível.

O Educa Mais Brasil, por exemplo, é um programa de inclusão educacional que oferece bolsas de graduação e pós-graduação voltadas para a área.

O requisito para conseguir uma bolsa como essa é não ter condições de pagar o valor integral da mensalidade, além de não possuir vínculo prévio com a instituição de ensino.

E esses são só alguns exemplos.

Atualmente, é possível encontrar diversas opções de bolsa. Inclusive, algumas delas são concedidas a partir do desempenho alcançado pelo aluno no Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.

Quais são as principais competências pessoais que o psicopedagogo precisa ter?

Agora, se a sua dúvida em relação à psicopedagogia é uma questão de perfil, vale a pena ficar atento a algumas características que são essenciais para o dia a dia de um profissional da área.

Confira a lista que separamos com cinco delas:

Ética

Podemos dizer que essa não é uma qualidade necessária apenas para quem deseja seguir na psicopedagogia, não é mesmo?

Ter ética é um traço fundamental em qualquer área de atuação.

Por lidar com questões muitas vezes sensíveis e que costumam envolver crianças, no entanto, vale redobrar a atenção com esse aspecto.

Facilidade de comunicação

Ser um psicopedagogo exige que você seja uma pessoa comunicativa, que consegue se conectar com o outro de maneira rápida.

Afinal, não há melhor forma de entender os problemas vividos pelo outro do que a partir de uma boa conversa.

Para isso, no entanto, é preciso construir uma base de confiança.

Ser um bom ouvinte

Se saber se comunicar é essencial, o mesmo vale para saber ouvir.

Até porque a conversa precisa ser uma troca e não um monólogo.

Às vezes, pode até ser que você acabe ouvindo coisas que nada tem a ver com o tema em questão, mas é preciso saber que cada detalhe conta.

Percebê-los pode ser a diferença entre entender ou não por que existe a dificuldade de aprender.

Equilíbrio emocional

Lidar com situações tão complexas pode levar você a ouvir relatos difíceis de absorver. Por isso, equilíbrio emocional é uma característica fundamental.

Não que você precise ocultar suas emoções a todo o custo, mas começar a chorar ou agir de maneira agressiva durante uma consulta pode atrapalhar todo o tratamento e prejudicar o paciente em vez de ajudá-lo.

Para chegar a esse equilíbrio, é importante que você busque estar sempre bem consigo mesmo, para não deixar que suas próprias inseguranças ou dificuldades se tornem um problema.

Empatia

Saber se colocar no lugar do outro é mais uma dessas características que todo profissional - aliás, toda pessoa - deveria ter.

Quando estamos falando de lidar diretamente com humanos e oferecer suporte a eles, essa capacidade é ainda mais importante.

Comprometimento

Nessa profissão, você vai lidar com situações complexas, que exigem o máximo de comprometimento e dedicação.

A história de cada paciente é única e requer acompanhamento constante.

Conhecer cada um deles pelo nome, descobrir sua trajetória e auxiliar em um processo de desenvolvimento que pode exigir tempo são prerrogativas básicas.

Tenha tudo isso em mente antes de trilhar o seu caminho na área.

Qual o perfil do profissional?

Para além de características específicas, podemos dizer que o psicopedagogo precisa ser um profissional com perfil analítico, capaz de entender o todo.

Por exemplo, como diferentes fatores influenciam na dificuldade apresentada pelo paciente.

Além disso, ele costuma ser de caráter humanista e com forte senso de comprometimento e doação.

Vale ressaltar, no entanto, que estamos falando de um perfil geral.

Nada impede que pessoas com qualidades e visões diferentes dessas possam alcançar o sucesso na carreira.

O importante, no fim das contas, é entender se esse universo faz sentido para você e para as suas perspectivas de futuro.

Quanto ganha um psicopedagogo?

Outra pergunta bastante comum é quanto ganha um psicopedagogo.

A resposta, como não poderia ser diferente, varia muito de acordo com o tempo de experiência do profissional, o nível especialização e mesmo a área de atuação escolhida.

De acordo com o site Love Mondays, plataforma criada para que profissionais possam avaliar as empresas onde trabalham e oferecer parâmetros dos salários oferecidos, a média mensal é fica próxima aos R$ 3 mil.

No entanto, é possível encontrar registros que mostram variações entre R$ 1.200 e R$ 9.686.

Já para quem deseja trabalhar na área clínica, o importante é avaliar a média do valor cobrado por consulta. Nesse caso, a variação vai de 50 a 180 reais.

Conclusão

O que você achou do nosso artigo sobre psicopedagogia? Encontrou as respostas que estava procurando?

Como deve ter percebido, essa é uma área que oferece inúmeras possibilidades de formação e atuação, mesmo que ainda seja pouco conhecida do grande público.

É uma alternativa, por exemplo, para quem sempre se identificou com os processos de educação, mas não queria ir para a sala de aula e ser professor.

Outro aspecto que pode facilitar a vida de quem precisa conciliar trabalho e estudos são as opções de ensino a distância, disponíveis tanto para graduação quanto pós-graduação.

Além disso, vale ressaltar que é uma carreira em crescimento, que ainda tende a se desenvolver - e muito.

Vale dizer ainda que, se você tem a meta de ajudar no desenvolvimento de pessoas, tal qual a psicopedagogia, você pode se tornar um coach.

(Fonte: https://www.sbcoaching.com.br/blog/educacao/psicopedagogia/)

Importantes pensadores da educação

Por Flávia Nogueira

Para quem está estudando uma lista pode ajudar muito a organizar os assuntos a serem abordados. Para quem está estudando pedagogia ou até para aqueles que já se saíram da faculdade, mas querem melhorar a formação, nada melhor do que uma lista com os principais pensadores da Educação.

Com tantos conteúdos para consultar, uma lista com alguns dos nomes mais importantes pode ajudar muito: de Paulo Freire a Lev Vygotsky, de Maria Montessori a Jean Piaget, de Auguste Comte a Emilia Ferreiro. Mas, calma! Isso é apenas o começo para ajudar você a organizar seus estudos.

A NOVA ESCOLA tem uma área específica no site com muitos conteúdos para você consultar, estudar, fazer testes e abrir portas para a procura de novas informações. E, para ajudar você, separamos algumas recomendações para começar a organizar seus estudos. Veja a seguir.

Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência

O mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Freire dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.

Nesta reportagem você vai saber um pouco mais sobre a teoria do educador pernambucano, suas reflexões, sua biografia e também dicas de livros.

Lev Vygotsky, o teórico do ensino como processo social

O psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea. A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.

Nesta reportagem você vai saber mais sobre suas teorias, os pontos de contato de seu pensamento com o pensamento de outros pensadores da educação como Emilia Ferreiro, sua discordância com Jean Piaget, um pouco mais sobre sua vida e mais dicas de livros.

Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio

O nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Nesta reportagem você vai saber que ele nunca atuou como pedagogo, antes de mais nada, Piaget foi biólogo e se dedicou a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.

Você também vai saber mais sobre assimilação e acomodação, sobre os estágios básicos do desenvolvimento cognitivo, entre outros conceitos, vai saber sobre a vida do pensador e poderá pegar também nomes de livros sobre o cientista suíço.

Maria Montessori, a médica que valorizou o aluno

Outro nome muito famoso e difundido fora dos círculos de especialistas. A italiana Maria Montessori (1870-1952) é associada, e com razão, à Educação Infantil, mesmo que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou a fundadora. Aqui você vai saber um pouco mais sobre a médica e como a individualidade, atividade e liberdade são as bases de sua teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino.

Você também vai saber mais sobre a vida da médica e educadora italiana e pegar dicas de livros.

Auguste Comte, o homem que quis dar ordem ao mundo

Nesta reportagem você vai saber mais sobre o pensador francês Auguste Comte (1798-1857), cujo nome está indissociavelmente ligado ao positivismo, a corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil.

O nome do pensador francês Auguste Comte (1798-1857) está indissociavelmente ligado ao positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil. Comte também é considerado o grande sistematizador da sociologia. Antes dele, a sociologia já havia dado os primeiros passos, mas foi Comte quem a organizou como ciência.

O pensamento de Comte tinha forte aspecto empirista, por levar em conta apenas os fenômenos observáveis e considerar anticientíficos os estudos dos processos mentais do observador. Na educação, isso acarreta ênfase na aferição da eficiência dos métodos de ensino e do desempenho do aluno.

Você poderá ver mais da biografia deste pensador francês nascido em Montpellier e verificar uma pequena bibliografia.

Emilia Ferreiro, a estudiosa que revolucionou a alfabetização

A psicolinguista argentina Emilia Ferreiro é um dos nomes de maior influência na educação brasileira nos últimos 30 anos. A divulgação de seus livros no país, a partir de meados dos anos 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização e chegou a influenciar as normas do governo para a área.

Emilia se transformou em uma espécie de referência para o ensino no Brasil e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, o campo de estudo inaugurado pelas descobertas de Jean Piaget (1896-1980). A psicolinguista estudou e trabalhou com ele. Tanto as descobertas de Piaget como as de Emilia levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento.

Aqui você poderá também ver uma breve biografia e dicas de livros.

O conceito de afetividade de Henri Wallon

Estudiosos já citados aqui, como Jean Piaget e Lev Vygotsky já atribuíram importância à afetividade no processo evolutivo, mas foi o educador francês Henri Wallon (1879-1962) que se aprofundou na questão. Em seus estudos da criança, ele não coloca a inteligência como o principal componente do desenvolvimento, Wallon defende que a vida psíquica é formada por três dimensões - motora, afetiva e cognitiva-, que coexistem e atuam de forma integrada.

Na reportagem você vai se familiarizar com os conceitos de Wallon, ler um trecho de livro e ver também uma questão de concurso relativa ao pensador comentada.

(Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/13881/organize-seus-estudos-dos-principais-pensadores-da-educacao)

Livros que todo estudante de pedagogia deveria ler

Por Patrícia Carvalho

A Pedagogia é a área de conhecimento que estuda a educação, seus métodos de ensino e aplicação. Portanto, a graduação exige um conhecimento teórico aprofundado e abrangente sobre diversas metodologias e práticas na área da educação, além do conteúdo visto em sala de aula.

Porém, nem sempre é possível ler todos os livros indicados pelos professores, não é mesmo? Por esse motivo, a Revista QB conversou com Priscila Souza, que já exerceu a função de coordenadora pedagógica, atua em sala de aula e estuda educação há sete anos.

Graduada em Letras e graduanda de Pedagogia na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Priscila listou quais livros considera indispensáveis para estudantes da área.

Veja a seguir 7 livros que todo estudante de Pedagogia deveria ler:

1. Pedagogia da Autonomia - Paulo Freire

O livro apresenta uma reflexão acerca da relação entre professores e alunos, além de propor atividades educativas que estimulam a autonomia, capacidade crítica, a valorização da cultura e a vivência de cada estudante.

Freire foi um educador brasileiro, reconhecido internacionalmente. É o terceiro pensador mais citado no mundo na área de Ciências Humanas e patrono da educação brasileira desde 2012.

2. Disciplina Positiva em sala de aula - Jane Nelsen, Lynn Lott e H. Stephen Glenn

A obra aborda estratégias para promover a harmonia em sala de aula. Para isso, os autores apresentam técnicas de estímulo à aprendizagem, à resolução de problemas e aos comportamentos positivos dos alunos.

A Disciplina Positiva é uma abordagem que reúne teorias humanistas e princípios de dignidade e respeito, criada pela psicóloga e educadora norte-americana Jane Nelsen, uma das autoras do livro.

3. Didática - José Carlos Libâneo

O livro apresenta a didática como elemento responsável por relacionar aspectos teóricos das disciplinas e a prática da docência. Por esse motivo, o autor apresenta princípios, condições e meios comuns para o ensino de qualquer matéria escolar.

José Carlos Libâneo é escritor, educador, e mestre em educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

4. Reflexões sobre alfabetização - Emília Ferreiro

A autora desenvolveu uma pesquisa sobre como funciona o processo de aprendizagem a partir da perspectiva da criança. Ela descreve o sistema interpretativo, os raciocínios e a compreensão da escrita no público infantil.

Emília Ferreiro é uma psicolinguista argentina com forte influência na produção dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil.

5. Alfabetização e letramento - Magda Soares

A obra aborda os problemas de alfabetização e letramento do Brasil a partir de uma fundação teórica e reflexões aprofundadas sobre o assunto, assim como as causas e estatísticas do analfabetismo.

O livro é dividido em três partes: a primeira parte expõe teorias, a segunda apresenta práticas e a terceira relaciona teorias e práticas sobre a alfabetização.

A autora Magda Soares é professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e vencedora do Prêmio Jabuti de 2017.

6. Organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio - Fernando Hernández e Montserrat Ventura

Os autores falam sobre a aplicação de projetos na organização de currículos e como um método de aprendizagem, de modo que o professor se torne pesquisador e aluno, sujeito desse processo ao buscar respostas e soluções sobre um determinado assunto.

Hernández e Ventura são educadores espanhóis que se baseiam nas ideias do filósofo e pedagogo norte-americano John Dewey.

7. Metodologias ativas para uma educação inovadora - Lilian Bacich e José Moran

Metodologias ativas é uma abordagem na qual a participação do aluno na construção do conhecimento e no desenvolvimento de habilidades é efetiva, de modo que o processo de aprendizagem aconteça no ritmo de cada aluno. Nesse contexto, os professores tornam-se mediadores e diversas ferramentas digitais são utilizadas.

A autora Lilian Bacich é doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). José Moran é professor, pesquisador e orientador de projetos de transformação na educação por meio de métodos ativos na Universidade de São Paulo (USP).

(Fonte: https://querobolsa.com.br/revista/7-livros-que-todo-estudante-de-pedagogia-deveria-ler?)

A arte de ensinar: você tem didática?

Entenda melhor o assunto

Quem nunca precisou explicar alguma coisa para alguém ou ensinar algo para alguém. Você julga isto fácil? Há muito tem se questionado o que é ensinar e como ensinar. Atualmente tem-se difundido a ideia que didática instrumentaliza o bom professor. O bom professor precisa dominar três aspectos: o conteúdo a ensinar, o saber ensinar e as relações situacionais. 
O ato de ensinar não se baseia simplesmente em passar o conteúdo, mas em utilizar o conteúdo a ser ensinado como instrumento. Este instrumento que o professor utiliza tem o objetivo de socializar o aluno, ou melhor, de humanizar o aluno. Pensa-se em educação como uma instituição destinada a formar trabalhadores obedientes e competentes. Porém a nova corrente que tem se difundido é a de que o professor escreve na lousa com uma mão e com a outra ele humaniza o aluno. Em nível de neutralidade a didática não é neutra a maneira que ensinamos imprime, e muito nos alunos, a visão que eles têm do mundo. 
Desta forma não ensinamos somente o conteúdo, mas também o modo de agir em sociedade. O professor tem um compromisso político com o aluno! Pode-se resumir o assunto assim: o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto de homens. 
Agora, escrevendo mais sobre o "como ensinar" este precisa ser atual fundamentado no dialogo entre professor e aluno, aonde o docente tem o papel de mediador do conhecimento. Este fundamento recebe o nome de método dialético e este método segue alguns passos, que são: 
1) Prática social - deve-se buscar ensinar ao aluno buscando informações que ele já tenha coisas que já são da pratica social dele e do professor; 
2) Problematização - a partir do que o aluno as sabe levantam-se as questões do problema; é nesse ponto que o aluno é instigado novamente a perguntar o "porque" das coisas. 
3) Instrumentalização - neste ponto o professor disponibiliza instrumentos para o aluno resolver o problema levantado; 
4) Catarse - este é o ponto culminante do processo de aprendizagem, neste ínterim o aluno tem o "insight", o "click" que diz: "Agora entendi esse negócio!" A aprendizagem somente acontece quando o aluno se sujeita a aprender algo, afinal é uma via de mão dupla. E a catarse que, nós professores, buscamos a cada toda aula dada.
5) Prática social - após o aluno fazer o "insight" de "entender a matéria" o que tem-se pedido: que voltemos este conhecimento para a pratica social. Isto significa trazer o que foi aprendido para o dia-a-dia do aluno; é mostrar o "porque" o aluno aprendeu aquilo. 
Todos alunos perguntam: por que eu preciso saber disto? E a didática atual postula que nosso papel é mostrar a utilidade dos conhecimentos que eles estão adquirindo, pois foi-se a época em que o professor simplesmente pregava a matéria para os alunos e estes somente aceitavam. Agora. Tudo isto é fácil? Não! Exige pratica e cada vez mais estudo, jamais um pequeno artigo assim versará sobre todo o assunto, pois bem estudemos mais. E não custa nada tentar métodos novos em tempos modernos, tudo com o objetivo final de formamos não melhores alunos, mas melhores humanos que precisam conviver em sociedade.

(Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/a/14161#)

Desafios e oportunidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Por Luísa França

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento muito importante para profissionais da educação, para os estudantes e para a sociedade em geral. Ela tem como função primordial nortear as aprendizagens que os alunos devem desenvolver nas escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

O documento para os primeiros segmentos da Educação Básica já foi aprovado e homologado. Agora, a BNCC para o Ensino Médio está em fase de debates e elaboração.

A Base é um documento extremamente importante para definir um parâmetro educacional para escolas públicas e privadas. Contudo, também trará alguns desafios e dúvidas no período de adaptação, entre eles a implementação do documento, garantindo que saia do papel e chegue até a sala de aula.

Neste artigo você vai conhecer outros desafios que a BNCC propõe para os educadores, bem como as oportunidades proporcionadas pela Base.

Desafios da BNCC

Um dos principais objetivos da Base Nacional Comum Curricular é promover mais igualdade e equidade nos processos educacionais de escolas brasileiras - tanto públicas quanto privadas. Isso busca garantir que todos os estudantes terminem a Educação Básica com as aprendizagens essenciais plenamente desenvolvidas, de acordo com as necessidades de cada um.

Ao definir quais serão essas aprendizagens por meio das competências e habilidades que compõem o documento, a BNCC estabelece um direcionamento do que deve ser trabalhado em sala de aula. A intenção é diminuir as discrepâncias do que é ensinado nas instituições de ensino no Brasil.

Com isso, espera-se melhorar a qualidade da educação no país e reduzir as desigualdades entre os níveis de aprendizado dos estudantes. Em contrapartida, cabe às instituições de ensino elaborar um currículo sintonizado com a BNCC, seguindo as diretrizes gerais do documento. A seguir, confira os principais desafios nesse processo.

Elaboração de um novo currículo

Um dos principais desafios das escolas será elaborar o novo currículo, que considere as aprendizagens apontadas pela BNCC como essenciais ao mesmo tempo em que reflete o carisma e a identidade da instituição.

Nesse processo, é importante que o currículo seja elaborado de forma colaborativa. O indicado é que tanto membros da gestão escolar quanto professores participem da sua construção. Afinal, é o corpo docente que será responsável por levar o currículo à sala de aula, enquanto a coordenação e a direção exercem um papel relevante em garantir que o documento final represente o carisma da escola.

Além disso, é interessante que especialistas e membros da comunidade escolar também participem da equipe encarregada da elaboração - cada um pode contribuir de maneira diferente e única com o currículo escolar.

Adequação do Projeto Político Pedagógico (PPP)

Com a implantação de um novo currículo, a instituição de ensino também precisará rever o seu Projeto Político-Pedagógico (PPP). Isso porque o PPP é um documento que traz a metodologia pedagógica e a proposta curricular da instituição. Por causa disso, ele provavelmente deverá ser adaptado para se adequar às diretrizes da BNCC e do novo currículo.

Vale lembrar que o Projeto Político Pedagógico também deve refletir a identidade da escola e que a Base incentiva a construção de uma proposta pedagógica que contemple assuntos relacionados à realidade e ao contexto dos estudantes.

Integração de características regionais no currículo

A BNCC encoraja as instituições de ensino a incluir em seus currículos temas relacionados à região e ao contexto em que o estudante está inserido, contemplando assim assuntos ligados à história, à cultura e às tradições da sua comunidade.

Nesse sentido, as escolas terão o desafio de construir um currículo que contemple não apenas as aprendizagens apontadas como essenciais, mas que também trabalhe aspectos relevantes do contexto do aluno.

Para isso, mais uma vez é importante que a proposta curricular seja construída de forma colaborativa, contando com a participação de profissionais da educação e de membros da comunidade que ajudem a combinar todos esses aspectos ao documento.

Formação continuada

A Base Nacional Comum Curricular também destaca a importância de uma formação continuada dos educadores. Para o corpo docente a formação continuada é fundamental para a constante atualização das práticas pedagógicas.

Além disso, a BNCC propõe a formação de um aluno integral, que requer uma educação que vai muito além da simples absorção de conteúdos e que compreende o desenvolvimento sócio emocional do aluno e o uso de ferramentas tecnológicas. Nesse contexto, os educadores se deparam com um tipo de formação para o qual não foram preparados - o que torna a atualização de suas práticas ainda mais importante.

O grande desafio é estabelecer na escola uma cultura que tenha o aprendizado como foco também para os professores, uma vez que eles precisam compreender os novos padrões determinados pela BNCC e suas influências no processo educacional.

Definição do material didático

Após criar um currículo para a instituição de ensino, é necessário escolher o material didático que será usado em sala. Para tanto, é importante levar em consideração as obras que contemplam e valorizam as competências abordadas na BNCC, ao mesmo tempo em que se alinham com o Projeto Político Pedagógico da escola.

A incorporação da tecnologia no ensino também deve ser pensada nesse processo, já que os alunos estão cada vez mais conectados e atentos aos assuntos disponíveis na internet. Nesse caso, o material didático que vai além do livro e contempla Objetos Educacionais Digitais (OEDs) pode ser um grande aliado na inclusão da tecnologia no processo pedagógico.

Principais oportunidades para as instituições de ensino

Da mesma forma que a BNCC gera desafios para as escolas, ela também cria a oportunidade de revisão do currículo e adoção de estratégias diferenciadas. A seguir, confira algumas das principais oportunidades.

Construção de um currículo contextualizado

A Base Nacional Comum Curricular define aprendizagens essenciais para toda a Educação Básica, para possibilitar o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o estudante em sua vida adulta. Ainda assim, o currículo escolar poderá ir além e abranger temas relacionados à cultura e à história da região.

As escolas que aproveitarem essa oportunidade para construir um currículo contextualizado contarão com um grande diferencial - que poderá, inclusive, influenciar os pais na hora da matrícula.

Incorporação da tecnologia no ensino

A cultura digital está prevista na BNCC, que enfatiza a necessidade de as instituições de ensino incentivarem o uso das ferramentas tecnológicas para promover o conhecimento. Isso fica claro na 5ª competência geral do documento:

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

Contudo, a Base não determina como essa inserção da tecnologia deve ser feita.Cabe à escola, então, optar por soluções que atendam aos conteúdos propostos no currículo e incentivem os estudantes a buscar mais conhecimento, trazendo a tecnologia como aliada do processo pedagógico.

Logo, a escolha das soluções e a estratégia utilizada para introduzir a tecnologia em sala de aula também serão diferenciais para a instituição.

Formação integral do aluno

A BNCC incentiva a formação integral do aluno, destacando a importância de se trabalhar não apenas a dimensão cognitiva, mas também as competências sócio emocionais. Isso fica claro sobretudo nas competências gerais 7, 8, 9 e 10 da BNCC, que têm um enfoque nas atitudes e no caráter dos estudantes:

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

As instituições, então, assumem um papel ainda mais importante na formação do estudante, a fim de que ele se torne apto a encarar os desafios do futuro. Essas competências valorizam o desenvolvimento de habilidades como:

criatividade;

pensamento crítico;

colaboração;

comunicação;

resiliência;

Conclusão

É possível observar que a Base Nacional Comum Curricular exigirá uma adaptação das instituições de ensino para novos parâmetros educacionais. Isso demandará um trabalho conjunto da equipe e um estudo aprofundado do documento.

Por outro lado, a BNCC gera oportunidades de inserção de conteúdos diferenciados e da tecnologia em sala de aula. Além disso, propõe uma formação que vai muito além do desenvolvimento puramente cognitivo do estudante. Cabe à gestão da escola saber usar isso em prol dos alunos e do seu desenvolvimento.

(Fonte: www.somospar.com.br)

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